A acurácia e o tempo necessário dispensado para a identificação microbiana são considerados determinantes para o tratamento precoce de infecções bacterianas. A tecnologia de MALDI-TOF/MS é altamente precias e tem o potencial de redução do tempo de identificação microbiana em comparação às técnicas de microbiologia convencional; entretanto, é necessário um alto investimento inicial para a obtenção do equipamento. Como a maioria dos laboratórios brasileiros não possui esta tecnologia, um desafio importante é tornar possível que laboratórios de pequeno porte tenham acessos às vantagens deste sistema. Parte dos esforços da equipe do INPRA se concentram em avaliar o papel filtro como meio de transporte de bactérias inativadas para análise em MALDI-TOF/MS.
Uma das tecnologias mais modernas e revolucionárias de diagnóstico que vem sendo utilizada em laboratórios de microbiologia e que tem o potencial de redução no tempo de identificação microbiana em comparação às técnicas de microbiologia convencional é o Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization-Time-of-Flight (MALDI-TOF) Mass Spectrometry (MS). Tal sucesso é essencialmente associado à simplicidade de execução, rapidez na identificação de microrganismos, classificação taxonômica exata e baixo custo de reagentes.
Os materiais utilizados para a identificação microbiana no sistema MALDI-TOF/MS apresentam custos muito baixos; no entanto, é necessário um alto investimento inicial para a obtenção do equipamento. A maioria dos laboratórios brasileiros não possui o equipamento MALDI-TOF/MS e o transporte de isolados clínicos para laboratórios de maior porte já tem sido uma rotina.
O transporte de microrganismos entre laboratórios ocorre nas próprias placas/tubos de meios de cultivo ou em swab próprio para transporte e ambas as formas de transporte apresentam risco biológico, onde os aspectos de biossegurança devem ser sempre considerados. Dessa forma, o desenvolvimento de metodologias que reduzam ou eliminem o risco biológico associado ao transporte microbiano se torna necessário diante do potencial infeccioso e de disseminação desses microrganismos.
O papel filtro vem sendo utilizado há mais de 20 anos com o propósito de coletar, armazenar e transportar amostras biológicas para identificar e/ou medir componentes que auxiliem no diagnóstico de doenças. O Laboratório de Pesquisa em Resistência Bacteriana (LABRESIS) avaliou o papel filtro como meio de transporte de bactérias inativadas para análise em MALDI-TOF/MS. Neste estudo foram avaliados 74 isolados bacterianos de importância clínica, os quais foram inativados, impregnados em discos de papel filtro, deixados à temperatura ambiente por 8 dias a fim de simular o tempo despendido em transporte para o laboratório de apoio e, posteriormente, foram extraídos e analisados em MALDI-TOF/MS. O processo de inativação foi testado em diferentes tempos e foi comprovado através de semeadura. Considerando a correta identificação dos isolados impregnados, o teste de papel de filtro apresentou sensibilidade de 97,3% e especificidade de 100%.
Diante do papel fundamental do laboratório de microbiologia na identificação microbiana rápida e acurada, fica clara a importância da adequação das técnicas tradicionais de envio de amostras bacterianas através de desenvolvimento de alternativas de transporte entre laboratórios. O papel filtro é uma abordagem promissora para a redução do risco biológico associado ao transporte microbiano, redução de custos de frete para o envio de isolados, maior tempo de conservação do analito e, principalmente, ampliação da forma segura ao acesso à identificação fornecida pela tecnologia de MALDI-TOF/MS.
O artigo pode ser lido na íntegra aqui: https://doi.org/10.1016/j.mimet.2020.105863
Autoria: Ms. Maiara Carneiro
Revisão: Dra. Priscila Lamb Wink e Prof. Dr. Afonso Luís Barth
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